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Laboratório de Turismo Responsável

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A recém-inaugurada tag “turismo alternativo” continua hoje com o projeto de outra pessoa que conheci pelas bandas de cá. O Laboratoire de Tourisme Responsable (Laboratório de Turismo Responsável) é criação do francês Jérémy (que fez intercâmbio em Sevilha na mesma época que eu), em parceria com a argentina Luciana. Simpaticíssimo, Jérémy logo ficou brother do meu amigo Luiz Paulo, que morava comigo na capital andaluza. Na época (três anos atrás), já ficava bem claro seu interesse por questões que vão muito além das fronteiras onde cresceu. E enquanto eu escrevo essas palavras ele tá realizando um sonho: até o dia 1º de março, Jérémy vai percorrer algumas cidades do Chile e de Pernambuco pra desenvolver um projeto de turismo solidário, através da observação e multiplicação de iniciativas locais.

Formado em História com especialização na América do Sul, Jérémy também tem formação em administração de empresas de economia social e solidária e tá envolvido no setor há dois anos. “Estou feliz por contribuir a um projeto maior que permitirá assegurar um desenvolvimento econômico, cultural e social de maneira  justa em uma das regiões do mundo mais marcadas pelas desigualdades”, diz ele, no blog criado pra contar (em francês, com exceção dessa parte, que tá em espanhol) um pouco mais sobre a empreitada, que foi parcialmente financiada via crowdfunding.

Achei a ideia inspiradora por vários motivos. Porque me lembrou que é possível se interessar, se apaixonar e sonhar com melhorias em realidades perto ou longe da gente; porque mostra que uma boa ideia bem estruturada pode conseguir apoio (inclusive financeiro) pra se tornar realidade; e porque me fez conhecer um pouco sobre diferentes modelos de turismo alternativo.

O projeto ainda tá no comecinho, mas dá uma olhada em algumas das iniciativas que tão na rota:

Chile

Fundación Sendero de Chile (Santiago de Chile, Região Metropolitana): Criação de trilhas pra ir ao encontro da natureza e das populações locais, através de um processo de educação para a proteção do meio ambiente. De bicicleta, a cavalo ou a pé, a fundação organiza várias excursões que exploram também os mitos e lendas dos lugares visitados.

Cabalgatas Quempo Turismo (Alfalfal, Região Metropolitana): Essa empresa de turismo rural e comunitário fundada por criadores de mulas da região Andina tem o objetivo de levar os visitantes à descoberta do modo de vida dessas pessoas, seu trabalho com os animais, a paisagem da região, etc. Várias atividades são organizadas, como caminhadas ou passeios a cavalo.

quempoturismo

Proyecto Ngen (Kurarewe, Araucanía): O projeto Ngen é baseado em cinco princípios: igualdade entre homens e mulheres, respeito ao meio ambiente, promoção da organização social da comunidade, o respeito pela cultura pewuenche e promoção do comércio justo. A cooperativa de serviços de turismo Ruka Ngen oferece um serviço de hospedagem em um hotel construído em madeira pela cooperativa de madeira Ngen, ou em cabanas típicas (durante os meses de verão). A cooperativa também oferece excursões de turismo comunitário pra ir ao encontro dos habitantes das zonas rurais da região.

ruka-ngen

Red de Ecoturismo Comunitario Pehuenche Trekaleyin (Alto Biobio, Araucanía): Turismo comunitário baseado na descoberta de práticas ancestrais do território do Alto Biobio. A operadora turística é uma associação sem fins lucrativos que visa melhorar a renda das comunidades, a promoção de trocas culturais e a conservação do patrimônio local e da biodiversidade através de uma autogestão comunitária.

Brasil

Associação dos Condutores Nativos de Olinda (Olinda): A associação proporciona a jovens e adolescentes de classe baixa a possibilidade de se profissionalizarem como guias turísticos da cidade, depois de passar por formações (relações com os clientes, conhecimentos sócio-culturais e arquiteturais da cidade, aulas de inglês e formação como agentes de preservação do patrimônio histórico de Olinda).

Centro Escola Mangue (Recife): O centro é dedicado à promoção do desenvolvimento sustentável na zona costeira de Pernambuco, mais especificamente nas zonas de mangue. Além de promover vários projetos  culturais e sociais, realizam ações de ecoturismo: percursos pedagógicos de descoberta do mangue, organizados com pescadores locais.

centro-escola-mangue

A.R.C. Afoxé Alafin Oyó (Olinda): Essa associação tem o objetivo de preservar e promover a cultura negra em Pernambuco por um dos seus aspectos mais conservados: a religião (no caso, a do povo Oyo). Herdeira da tradição das confrarias religiosas africanas da época colonial, as danças e músicas apresentadas pelos membros dessa associação constituem uma vitrine histórica da única atividade cultural permitida aos negros na época da escravidão no Brasil. Essa associação recebeu uma distinção do Ministério da Cultura pelo seu interesse cultural.

E aí, se animou pra procurar um projeto do tipo na próxima viagem? :)

 

Leia também:

Um passeio diferente em Aix-en-Provence

 

As informações sobre os projetos foram traduzidas do site de Jérémy e Luciana. Também é de lá que vêm as fotos :)


Filed under: turismo alternativo

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